terça-feira, 19 de outubro de 2010

Querubim

O enxofre preenche

cada vazio da alma

e cada estrela

que não está em mim.


Os insetos murmuram cantos,

satânicos e atraentes,

musicais como o tilintar

de taças despedaçadas.


Sou a antítese eterna que

precede qualquer pretensa verdade.

A hipocrisia que precede cada jura.

A crueldade que precede o afago.


Me afogo

no fogo.


Não fujo.


Somente finjo

que sou um anjo.


E no desarranjo de versos

absurdos e perversos

me revelo, eu:


Cristo crucificado,

demônio-cupido;

sofrimento sujo:


um querubim caído.

Nenhum comentário:

Postar um comentário